terça-feira, 3 de junho de 2008

No palco ou no altar?


Já viu um punhado de “babacas” subir ao altar de uma igreja, despreparados para falar da palavra de Deus. Ignorantes no conhecimento que começa pregando um assunto e dele bambeia para muitos outros.
É simples. Como se fosse uma dissertação/narração. Você tem um tema a se tratar, mas por falta de coerência, não dá uma linha certa a esta escrita. Isto os professores estamos cheios de ver.
Mas o caso aqui é a igreja.
Tiago em sua epistola (1:5) diz que “se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes
impropera[N1] ; e ser-lhe-á concedida”.
Subjetivamente esses pregadores estão pondo Deus à prova (?). Sabe por quê? Dizem eles: “eu não tenho sabedoria, mas a obra é de Deus, Ele sabe o que faz”. Ótimo! Parabéns! É verdade! Deus sabe o que faz! Mas, estes tais fazem um “trupé”, gritam bate no pupito, pulam, sapateia e a igreja termina muda, “gelada”, calada. Era a vontade de Deus ou ninguém entendeu
nada[N2] (cabe deixar bem claro que aquele ditado “quem cala consente” não funciona aqui)?
Outros dizem “eu não sei pregar, mas a palavra de Deus diz que tudo que eu te mandar, falarás”.
Outra verdade não é? Mas, “eles” insistem em gritar, sapatear e a igreja não corresponde. E daí? Foi Deus que colocou aquilo na boca dele?
Paulo fala em corintios 14 sobre ordem no culto. Se Deus gosta de ordem no culto, será que na pregação Ele deixaria ser incoerente. Sabe por quê? Deus não é Deus de confusão?
Muitos pregadores deveriam freqüentar palcos teatrais do que um altar. São emocionalistas, infrutíferos – olha que tem peças que são mais frutíferas que “sermões”.
Abro um parêntesis aqui. Na época da escola Barroca, era caracterizado por duas vertentes: o cultismo (Gongorismo) e o conceptismo (Quevedismo).
Padre Antonio Vieira com duzentos sermões conceptista oposto totalmente ao Gongorismo, em um de seus sermões principais, o Sermão da Sexagésima, o faz percorrer dentro da Parábola do Semeador. Diz que para a palavra de Deus fazer pouco fruto decorre de um dos três princípios: da parte de Deus, ou do ouvinte, ou do pregador.
Segundo Mateus 13, três partes das sementes se perderam e apenas uma frutificou.
Vieira diz que “primeiramente por parte de Deus não falta, nem pode faltar. Esta proposição é de fé, /.../ e no nosso evangelho a temos. /.../ Sendo, pois certo que a palavra divina não deixa de frutificar por parte de Deus”.
Continuando “os pregadores deitam a culpa nos ouvintes, mas não é assim. Se fora por parte dos ouvintes, não fizera a palavra de Deus muito grande fruto, mas não fazer nenhum fruto, e nenhum efeito, não é por parte dos ouvintes. Provo. Os ouvintes, ou são maus ou são bons: se são bons; faz neles grande fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles frutos, faz efeito”.
Pode se notar que as sementes que caíram nos espinhos e nas pedras, nasceram, mas morreram logo, ou melhor, por ser ouvintes maus, não a frutificaram. Mas fez efeito.
Ao final se descobre que a culpa é dos pregadores, “e assim, é. Sabeis cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos pregadores. Sabeis pregadores, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa nossa”.
Quero deixar bem claro que Antonio Vieira criticava o estilo cultista, pois os pregadores seguidores desse conceito usavam e abusavam de linguagem rebuscadas, de metáforas e hipérboles; adjetivação, apelo sensorial que tornava difíceis as interpretações.
Mas, estes “pregadores” que falo, não estudam, não tem coerência no que diz, a coesão anda “pra lá da Bagdá”. E principalmente não tem a unção de Deus na vida. Ou seja, querem fazer o que não é do seu alcance. Não tem o dom.
Diferentemente daqueles que se esforçam, não tem curso superior, não sabem falar eloquentemente, mas tem a unção de Deus na vida. Sabem explicar humildemente a palavra de Deus.
Caso aqui, de um tio meu, que não tem estudos apenas sabe ler o básico; mas em se tratando da palavra de Deus ele dá um show, é um dos melhores professores da EBD (Escola Bíblica Dominical) que já vi.
Parem de fazer o que não é seu. Procure o seu dom, pede a Deus discernimento, e utilize-o. Cumprir o IDE de Jesus não significa que você tem que ficar cima de um altar, fazendo os ouvintes ficarem com sono. E os que são de “fora”?
Eu fiquei envergonhado quando aconteceu isto (daí que saiu a inspiração para escrever isto), tínhamos na igreja, jovens que nunca tinha vindo na Casa do Senhor. Se eu que nasci evangélico não entendi nada, imaginam eles que nunca freqüentou este lugar? Devem ter saído sem entender nada.





[N1]Garante-nos que Deus dá sem nos lembrar que não merecemos

[N2]Sou pentecostal, e não critico quando pulam, batem palmas, gritam, cantam, falam em línguas estranhas (que não seja meninice).